Professores explicam que consumir notícias pode ajudar estudantes no Enem

Por Vale do Piancó -PB em 19/11/2021 às 09:13:16
Estar atento às atualidades é essencial para construir bagagem cultural e estar pronto para resolver questões sobre o cotidiano do mundo no exame nacional. Estudante se prepara para realização do exame

NSC TV/Reprodução

A prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2021 está cada vez mais próxima de ser realizada e os estudantes já se encontram na reta final de preparação para realizar o exame que dá acesso ao ensino superior no Brasil.

As provas físicas e digitais estão marcadas para acontecerem nos dias 21 e 28 de novembro, sendo o primeiro dia destinado a questões de linguagens, ciências humanas e a redação, e o segundo dia de prova serão resolvidas questões de matemática e ciências da natureza. Os estudantes que pediram isenção em 2020 e os privados de liberdade que irão realizar o exame, a prova acontecerá em janeiro de 2022, nos dias 9 e 16 do primeiro mês do ano.

Uma das competências intrínsecas que o exame cobra do estudante é estar antenado às atualidades que acontecem no mundo. E nada mais importante, para quem está se preparando para a prova, é estar a par dos noticiários e preparar a bagagem cultural para a realização do exame, principalmente para a redação, parte da prova que exige concentração e conhecimento de mundo, e manter-se informado é fundamental para sair bem nas atualidades do Enem.

Como as atualidades são cobradas no Enem?

Estudantes se preparam para a realização da prova

Divulgação

A prova do Enem exige conhecimentos sobre as atualidades além do conhecimentos de questões referentes às disciplinas que são base do ensino médio e integram a carga de estudos para o exame, ou seja, os principais fatos ocorridos no Brasil e no mundo são inseridos na prova.

Mas o exame não cobra atualidades com questões de forma direta e específica, mas sim, de forma interdisciplinar, relacionando os acontecimentos da contemporaneidade e o que é passado nos conteúdos das disciplinas, exigindo discernimento e lucidez dos estudantes na resolução das questões.

“É importante ressaltar que notícia boa e com embasamento nunca é demais! Um candidato a uma prova como a do Enem mais do que nunca deve incorporar o "ser antenado". Deve se preocupar em estar por dentro de tudo! Essa é uma prova de contextualização e de atualidades. Quando se fala em contextualização é ao pé da letra mesmo. Ou seja, é um tema da geografia, relacionado à biologia, é um tema da física, relacionado à história e atualidades, enfim, some toda essa gama de versatilidade de conteúdos e informações a um bloco de repertórios para uma redação ou até mesmo para a resolução de uma questão de progressão geométrica na prova de matemática que assim você resume o que é um candidato à prova de Enem e a importância do consumo de notícias”, pontua Thiago Duarte, professor de biologia.

Uma vertente da prova que exige perspicácia com relação às atualidades é a redação, no qual o estudante vai redigir um texto dissertativo-argumentativo sobre um tema previamente proposto pela banca da prova, e que as competências de correção avaliam, em correlação com as cinco competências, a proposta do aluno diante do exposto na redação. Por isso a importância de ter conhecimento das atualidades para, no momento de redigir a redação, estar a par de acontecimentos para mencionar e propor intervenções palpáveis socialmente.

Como se manter atualizado sobre as informações do mundo para o Enem?

Estar atento às atualidades é fundamental para realizar a prova

Rede Amazônica/Reprodução

Existem diversas formas do estudante consumir conteúdos noticiosos que agreguem na formação de conhecimento para a prestação do exame. Deve-se, de fato, consumir informação. Mas não de qualquer forma. É necessário ter um filtro e selecionar meios que gerem segurança e confiabilidade para consumir todo e qualquer tipo de informação.

De antemão, o estudante deve entender o que são fake news e como isso pode influenciar no seu consumo de notícias. Nos últimos anos, com o crescimento e afirmação da internet, as fake news, que são notícias falsas, passaram a ser disseminadas com muita intensidade, com a maior finalidade de desinformar a população.

Por conta disso, filtrar o que está sendo consumido é fundamental e é importante verificar a procedência do site em que a informação está sendo veiculada.

Para identificar locais seguros para o consumo de informações, é necessário que o estudante procure saber a credibilidade do portal de notícias, se esse ambiente virtual passa confiabilidade e se a data da publicação está correta com o que está sendo noticiado; se a matéria tem assinatura e procurar saber qual o perfil de trabalho desta pessoa que assinou o conteúdo informativo e pesquisar se a matéria é verdadeira, correlacionar com outras informações de outros sites de confiabilidade sobre o mesmo fato noticioso a fim de ter confiança no que está sendo lido.

Fora o perigo da desinformação, existem diversos ambientes virtuais que podem ajudar o estudante a consumir atualidades no processo de preparação para a prova do Enem e, também, na construção do próprio repertório cultural.

Procurar por sites de jornais e revistas, canais no YouTube, podcast e redes sociais, de ambientes confiáveis, ajudam a se manter informado sobre as atualidades e os jornalistas trabalham diariamente para manter o cidadão informado, analisando e comentando sobre fatos que acontecem cotidianamente.

Acontecimentos recentes podem ajudar a entender determinados assuntos

O ano de 2021 trouxe muita intensidade para os acontecimentos e estar a par dessas atualidades é fundamental para a preparação do estudante para o exame. E manter-se atualizado é sempre uma boa opção para se dar bem na hora de fazer a prova. Com isso, o g1 selecionou alguns acontecimentos que foram destaques no ano e como entendê-los pode ajudar na resolução de questões de determinadas disciplinas.

Pandemia do coronavírus

A pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19, ainda causa bastantes efeitos na sociedade, em diversos segmentos, e ainda é um assunto em alta nos meios de notícias. Isso não quer dizer que a prova do Enem traga a doença em si para as questões da prova, mas os candidatos devem apostar em assuntos periféricos, que envolvam outros contextos que envolvam a pandemia.

“Dentro desse contexto de pandemia, a Biologia pode abordar muitos componentes da própria área do conhecimento, porém, posso destacar alguns como: é uma doença viral? A prova pode abordar aspectos de vírus, como sua composição, sua especificidade molecular, sua capacidade mutagênica; imunologia, diferenças entre pandemia, epidemia e endemia; fisiologia”, destaca Thiago sobre prováveis temas que possam ser relacionados à pandemia.

Existe a possibilidade do exame tratar sobre biossegurança e etiquetas de higiene. Com o desenrolar do período da pandemia, utilizar máscaras de proteção contra a disseminação do vírus, higienizar mãos e alimentos com maior rigidez e distanciamento social, são pontos que podem ser abordados na prova do Enem e que tem relação com a pandemia da Covid-19.

Erupção do Vulcão Cumbre Vieja

Lava é expelida de vulcão no parque nacional Cumbre Vieja em El Paso, na ilha de La Palma

FORTA/Handout via Reuters

Um acontecimento que marcou o ano de 2021 foi a erupção do vulcão espanhol Cumbre Vieja, localizado na ilha de La Palma, na costa da África. A intensa erupção e o rumor de um possível tsunami atingir a costa brasileira gerou tensão no Brasil. Mas de que forma essa situação geológica pode ser cobrada na prova do Enem? Carlos Campos, professor de geografia, responde.

“O aluno, primeiro, tem que saber que, para ocorrer um tsunami, é preciso ter uma ocorrência direta de um terremoto, num choque de duas placas tectônicas, ou através de uma erupção vulcânica. Além disso, o aluno tem que se ligar na questão das placas tectônicas, e o estudante deve saber que o Brasil está no centro da placa sul-americana, e por estar distante dos limites da placa, a gente não tem a possibilidade de termos terremotos e, consequentemente, maremotos, pois a placa mais próxima do país faz fronteira com a placa africana, e essas placas são divergentes, se distanciam, o que não faz ocorrer maremotos aqui, mas o Brasil tem terremotos, mas eles não são perceptíveis”, explica.

Crise hídrica

Algo que vem preocupando diversas cidades do Brasil é a crise hídrica, com locais já utilizando o esquema de racionamento para evitar o desabastecimento de água, e outros locais já convivem com o colapso e comunidades têm tido dificuldade para atravessar o período de estiagem e sem água nas torneiras. E pode ser mais um assunto que seja cobrado no exame.

“É um tema que pode ser abordado de várias formas na geografia. Quando o governo prioriza o fornecimento de energia pelas hidrelétricas, como vai ser produzida essa energia sem água? Mais de 90% da energia do Brasil é proveniente das hidrelétricas. E como está seguindo a uma redução na quantidade de chuvas, e a ação antrópica do homem, está tendo uma redução na quantidade de chuvas e isso vem afetando a vazão dos rios que provoca, consequentemente, a redução dos reservatórios das hidrelétricas. E as fontes de energia são muito recorrentes no Enem. O aluno tem que saber quais são as fontes de energia que tem no Brasil e a importância de termos o desenvolvimento de outras fontes alternativas para que não tenhamos a dependência das hidrelétricas; a utilização da água pela agricultura de forma descontrolada; o desmatamento e o modelo agrícola; a densidade populacional e o processo de urbanização”, comenta o professor Carlos Campos sobre como a crise hídrica pode ser cobrada no exame.

Olimpíadas em Tóquio

Os Jogos Olímpicos de Tóquio, que deveriam ter sido realizados em 2020 mas por conta da pandemia do coronavírus foi adiado para 2021, movimentou o meio esportivo na metade do ano, e trouxe diversas temáticas para o conhecimento da população e que pode ajudar o estudante no exame nacional.

Brasil x Comitê Olímpico Russo

YURI CORTEZ / AFP

O Comitê Olímpico Russo (ROC) pode ser um tema na prova. A Rússia foi punida pela Agência Mundial de Antidopagem (WADA), por conta de um grande escândalo de doping, e os atletas russos tiveram que disputar os Jogos neste comitê, que foi uma alternativa para os atletas do país competirem, mesmo não representando integralmente o seu país, e pode ser um tema na área de biologia.

Crises sociais e refugiados

Povoado de Ologá fica sobre palafitas no Lago Maracaibo, na Venezuela

Federico Parra/AFP

As recentes implosões sociais ao redor do mundo tem causado crises em diversos países. Mais perto do Brasil, a América Latina teve um ano turbulento socialmente.

Na Colômbia, uma reforma tributária implantada pelo governo causou desconforto na população do país que foi às ruas protestar; crises sociais no Chile e empobrecimento econômico na Argentina, além da alta inflação e crise migratória na Venezuela, são assuntos que têm movimentado as pautas sociais e o noticiário informativo.

“São assuntos importantes essas instabilidades políticas em outros países, provocando crises sociais, o agravamento dos indicadores sociais. E como essas questões podem cair na prova? As questões não vão trazer uma posição política, mas essas crises podem ser abordadas estabelecendo uma analogia num modelo de comparação do capitalismo, para que o aluno possa diferenciar os modelos de capitalismo que tivemos (liberalismo, liberal, neoliberalismo, estado do bem-estar social, privatizações, perda das garantias sociais). Então, a prova pode inclinar para essa contextualização, para que o aluno possa estabelecer as diferenças entre os modelos de capitalismo”, finaliza Carlos.

VÍDEOS: tudo sobre o Lá Vem o Enem 2021

Fonte:

Comentários

Anuncie Aqui