Foto: Kinopix
Nos últimos tempos, estrelas do cinema e da televisão acabam desaparecendo atrás de seus papéis, ir assistir por conta da atriz ou do ator já não é mais o esperado, salvo alguns exemplos. Sydney Sweeney, que depois de interpretar alguns personagens, tornou-se reconhecida mundialmente pelo seriado da HBO Euphoria (2019-presente) e conquistou o público de vez com a comédia romântica "Todos Menos Você" (2023), é um ótimo exemplo que consegue superar as pessoas que ela interpreta em relação à sua personalidade pública.
Nesta quinta-feira (30), estreia "Imaculada", no qual, além de estrelar, a atriz também assina a produção do longa, como uma rainha do grito sob o manto de uma freira que acaba descobrindo uma gravidez misteriosa e se torna prisioneira em um convento. O filme se destaca pela atuação brilhante da atriz e seu desfecho que se opõe ao patriarcado.
A jovem freira americana Cecilia (Sydney Sweeney) acaba de se mudar para um convento situado em uma pitoresca zona rural italiana. Apesar de ser recebida calorosamente pelas irmãs, a devota logo nota estranhas situações que a fazem questionar a segurança de seu novo lar, que abriga segredos sombrios e terríveis. Aos poucos, as suspeitas da jovem se tornam realidade quando ela acorda misteriosamente grávida. Cecilia agora não apenas carrega uma criança, mas também enfrenta uma série de situações estranhas e suspeitas. Em meio a visões assustadoras e eventos inexplicáveis, ela tenta desvendar a origem de sua condição e a verdadeira natureza do convento.
Logo nos primeiros momentos, o longa vai lembrar alguns ótimos filmes do terror sobrenatural e psicológico como "O Bebê de Rosemary" (1968), "Suspiria" (1977) ou o mais recente prequel "A Primeira Profecia" (2024). Basicamente, o roteiro engloba um pouco das três produções citadas. Um grupo de pessoas nefastas sente-se no direito ao corpo de uma jovem e impõe seus próprios dogmas. Parece até que a atriz nasceu para esse papel, já que sofre constantes comentários sexualizados sobre seu corpo e busca sua autonomia corporal em várias entrevistas e declarações públicas.
"Imaculada" está longe de inovar o gênero do terror. O diretor Michael Mohan, que trabalha a partir do roteiro de Andrew Lobel, usa artimanhas já conhecidas, como os sustos, close-ups e desfiguração corporal. O filme não busca a tendência do "terror elevado", mas abusa da quantidade de sangue, o que faz uma certa diferença para a trama. Mohan não alcança a sutileza que o filme pede, mesmo com sequências graciosas, seus closes são banais e horríveis, como na cena em que uma das freiras mergulha do telhado do convento e quando chegam mais perto, mostram o rosto mutilado contra a calçada.
Sydney Sweeney está trilhando um caminho em Hollywood que dificilmente poderia ser alcançado em décadas passadas. A atriz, que além de escolher seus personagens, atua como produtora para longas nos quais acredita, tem em suas mãos uma personagem que exala todas as problemáticas de uma mulher na indústria cinematográfica, cujo o patriarcado deseja escolher o que o sexo feminino deve fazer com seu corpo. Sua atuação é intensa nas primeiras sequências, o filme todo se perde em sua Cecilia.
O olhar cativante de Sydney Sweeney brilha ao desenrolar de sua personagem. Quando ela está com medo, seus olhos ficam arregalados; quando algo não dá certo, ela chora, e no desfecho final eles endurecem. "Imaculada" não traz realmente nenhuma inovação para o gênero, deixando algumas pontas soltas no roteiro. Mas cativa o espectador com seu discurso "meu corpo, minhas regras".
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Michael Mohan;
Roteiro: Andrew Lobel;
Elenco: Sydney Sweeney, Álvaro Morte, Benedetta Porcaroli, Simona Tabasco, Giorgio Colangeli, Giulia Heathfield Di Renzi;
Gênero: Terror;
Duração: 89 minutos;
Distribuição: Diamond Films;
Classificação indicativa: 18 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z
Fonte: jornaldebrasilia.com.br