A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) e a Câmara Municipal da João Pessoa (CMJP) realizaram sessão especial conjunta, na tarde desta quinta-feira (21), para discutir sobre o fim da jornada de seis dias de trabalho para um dia de descanso (jornada 6Ã1). O evento proposto pelo vereador Marcos Henriques e pela deputada Cida Ramos (ambos do PT) aconteceu no plenário "Senador Humberto Lucena", do Poder Legislativo Municipal.
Ao justificar a realização da discussão, o vereador Marcos Henriques disse que "é preciso que que se ache a equação de reduzir a carga de trabalho, o horário de trabalho, a escala e dar uma qualidade de vida melhor ao povo". A aprovação da PEC, no entendimento do parlamentar, "não vai prejudicar o patrão, porque a gente está falando de 30 milhões de trabalhadores”. O vereador acredita que a medida vai gerar mais postos de trabalho no país e melhor qualidade de vida para o trabalhador.
“Existem muitas especificidades. Agora existem áreas que vão se beneficiar muito mais do que isso. E esse tipo de discussão precisa acontecer com todos os segmentos para que a gente não possa, em nenhum momento, prejudicar ninguém, mas a gente possa ampliar e também oferecer uma jornada de trabalho mais acessível, mais produtiva para a classe trabalhadora”, disse.
A deputada Cida Ramos acompanha, segundo ela, "com muito entusiasmo", o movimento em torno da aprovação da PEC que acaba com a jornada de trabalho 6Ã1. "Estou vendo com a certeza de que esse é um rumo que o Brasil e o mundo estão tomando, que é a diminuição da jornada de trabalho para que o trabalhador, sua família, possam desfrutar do direito de viver e conviver mais. Isto vai propiciar ao trabalhador ter uma convivência familiar maior e mais digna, o direito de poder acompanhar mais os filhos, e de poder, também, liberar postos de trabalho para essa juventude, que deseja entrar o quanto antes no mercado de trabalho", acrescentou.
A discussão é extremamente necessária, no entendimento do secretário executivo de Juventude, Esporte e Lazer da Paraíba, Pedro Matias. Segundo ele, é inconcebível que a classe trabalhadora brasileira continue com uma jornada tão exaustiva e excludente. "Excludente principalmente, para a juventude, porque se você tem a necessidade de ocupar um posto de trabalho, você enquanto jovem tem a necessidade de ocupar um posto no mercado de trabalho ao mesmo tempo que você tem que estudar. Como é que você compatibiliza uma jornada 6Ã1 cumprindo 44 horas semanais de trabalho e ao mesmo tempo estuda? Então são perguntas, são questões que precisam ser levantadas e respondidas principalmente pelo poder público", observou.
Para o sindicalista Tião Santos, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na Paraíba, apesar de existir outra PEC tramitando no Congresso Nacional, tratando da jornada de trabalho, esta que propõe o fim da jornada 6Ã1 "ganhou uma proporção bem maior, bem mais robusta”. “Vejo o movimento sindical, a classe trabalhadora como um todo, estão mais unificados", disse. Ele observa que a mídia está dando mais importância às discussões sobre a PEC da deputada Erika Hilton, inclusive abrindo espaço para os movimentos em contrário.
Também prestigiaram o evento os vereadores Júnior Leandro e Renato Martins; o sindicalista Túlio Campos, presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores em João Pessoa; o secretário Paulo Marcelo, superintendente regional de trabalho; além de diversos representantes de sindicatos e entidades da classe trabalhadora.
Entenda a Proposta de Emenda Constitucional
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria da deputada federal Erika Hilton (Psol/SP), dá nova redação ao inciso XIII, do artigo 7º da Constituição Federal para dispor sobre a redução da jornada de trabalho para quatro dias por semana no Brasil. Na prática, a PEC busca extinguir a escala de trabalho 6Ã1, jornada que os profissionais trabalham seis dias consecutivos e têm direito a apenas um dia de descanso semanal.
O movimento para revisão da Escala 6Ã1, que ganhou força por meio da mobilização do VAT (Vida Além do Trabalho), foi liderado por Rick Azevedo, vereador eleito pelo Psol do Rio de Janeiro nas eleições de 2024. A proposta tem o apoio de 1,4 milhão de pessoas, que assinaram uma petição pública em favor do projeto.
Para que a PEC comece a tramitar, é necessário que ela obtenha 171 assinaturas de deputados. Até a veiculação desta matéria, 233 deputados* tinham assinado a proposta. Após obter a quantia necessária para ser aprovada, a PEC precisará de 308 votos favoráveis, em dois turnos de votação. A proposta visa modificar regras estabelecidas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas, que datam da época do Governo Getúlio Vargas, em 1943. Ou seja: há 81 anos.
Fonte: www.al.pb.leg.br