Ministério Público da Paraíba acusa três policiais de homicídio qualificado e fraude processual. Corpo de Gefferson Moura, de 32 anos, foi deixado em hospital por homens que se identificaram como policiais em Sergipe
TV Paraíba/Reprodução
O caso do empresário do Sertão da Paraíba morto por policiais de Sergipe, em março de 2021, teve sua segunda audiência de instrução nesta quarta-feira (10). Foram ouvidas, ao todo, 11 testemunhas, mas a ausência de uma testemunha que a defesa coloca como determinante postergou a conclusão, com uma nova audiência marcada para dia 1º de dezembro.
O crime averiguado é o homicídio do empresário Geffeson Moura, que foi morto em 16 de março, durante uma suposta operação policial. O Ministério Público da Paraíba acusa três policiais de homicídio qualificado e fraude processual.
Segundo a denúncia, os acusados Osvaldo Resende Neto, que é delegado, cuja testemunha faltante na audiência foi determinante para o adiamento, José Alonso Santana, policial civil, e Gilvan Moraes de Oliveira, policial militar, além de confundirem Geffeson com outro homem e atirarem contra o empresário, também adulteram a cena do crime, plantando uma arma, que afirmaram ter sido usada pela vítima.
A audiência desta quarta (11), que aconteceu através de videoconferência feita pela Vara Única de Santa Luzia, estipulou dois prazos. Conforme a decisão judicial, o Ministério Público e o Assistente do Ministério Público têm 5 dias para se manifestarem acerca da manutenção ou não da prisão preventiva.
Decorrido o prazo para o Ministério Público e Assistente, com ou sem manifestação, a defesa será intimada para se manifestar em igual prazo.
Na audiência marcada para dezembro, além da testemunha dita como necessária pela defesa de Osvaldo Resende Neto, ainda será ouvida a direção do Hospital Estadual de Santa Luzia.
Entenda o caso
Segundo o MPPB, em março de 2021, “após pararem o veículo e visualizarem o condutor, os policiais sergipanos confundiram Gefferson Moura com o outro homem que procuravam, Luiz Henrique Cunha Carvalho, em função de algumas semelhanças nos traços fisionômicos”.
Conforme a denúncia, foi o delegado Osvaldo quem “posicionou-se ao lado da porta do condutor do veículo e, à queima-roupa, sem permitir qualquer possibilidade de defesa por parte da vítima, efetuou oito disparos de arma de fogo”.
Os depoimentos colhidos apontam que, após a execução da vítima, os policiais sergipanos ainda levaram seu corpo já sem vida a um hospital da cidade de Santa Luzia, na Paraíba, deixando-o na porta.
Conforme as investigações, os acusados “plantaram” uma arma, que, segundo eles, teria sido usada pela vítima, o que foi desmentido pela investigação.
Ainda segundo a denúncia, as provas colhidas no dossiê apontam que a arma não foi apresentada à Polícia Civil da Paraíba no local do crime, mas somente no momento em que os acusados foram ouvidos em sede policial.
As investigações mostraram ainda que a arma de fogo apresentada pelos denunciados possui registro em nome de um ex-policial militar do estado de Sergipe que já morreu.
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