7 de Setembro de Lula em Brasília exalta vacina e democracia

Eleito no ano passado sob forte desconfiança da cúpula das Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira, 7, das comemorações pelo Dia da Independência ao lado dos chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica, além de outras autoridades civis, num evento pensado para "desbolsonarizar" a data cívica.

Por Vale do Piancó -PB em 07/09/2023 às 17:58:17
Foto: Reprodução internet

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Eleito no ano passado sob forte desconfiança da cúpula das Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira, 7, das comemorações pelo Dia da Independência ao lado dos chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica, além de outras autoridades civis, num evento pensado para "desbolsonarizar" a data cívica.

A ideia foi promover uma cerimônia protocolar, sob o lema "Democracia, soberania e união", com os tradicionais desfiles militares e participação popular, mas sem discursos públicos nem manifestações políticas que marcaram os últimos anos. O evento também exaltou a vacina e contou com a presença do Zé Gotinha, que desfilou em carro aberto.

O objetivo foi afastar o clima de tensão que circundou o feriado durante o governo Jair Bolsonaro. Nos quatro anos de sua gestão, o ex-presidente fez da data cívica, tão cara aos militares, um palanque para amplificar seu discurso de ataques às instituições e ao processo eleitoral, levando a tiracolo oficiais graduados, como os generais Walter Braga Netto e Eduardo Pazuello.

No momento mais crítico, em 2021, fez um discurso no alto de um carro de som na Avenida Paulista, em São Paulo, no qual xingou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e chegou a afirmar que não cumpriria uma ordem proferida por ele. O teor do discurso de Bolsonaro era amplificado por seus apoiadores em atos de rua.

Este ano, no primeiro 7 de Setembro do terceiro governo Lula, a proposta foi baixar o tom e manter os festejos circunscritos aos desfiles militares. Na terça-feira, 5, Lula disse no programa Conversa com o Presidente, organizado pela Secretaria de Comunicação, que os militares se apoderaram do Dia da Independência após anos de autoritarismo e que a data festiva "deixou de ser uma coisa da sociedade". "O que nós estamos querendo fazer agora, com a participação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, é voltar a fazer um 7 de Setembro de todos. O 7 de Setembro é do militar, do professor, do médico, do dentista, do advogado, do vendedor de cachorro-quente, do pequeno e médio empreendedor individual", afirmou na ocasião.

Na noite de quinta-feira, 6, durante pronunciamento oficial em cadeia de rádio e TV, o presidente disse que "amanhã (hoje) não será um dia nem de ódio nem de medo, mas sim de união". "Sonhamos os mesmos sonhos. Somos um único e extraordinário povo", disse.

Público

O governo esperava um público de cerca de 30 mil pessoas em Brasília, sendo seis mil delas alojadas em arquibancadas instaladas ao longo da Esplanada dos Ministérios. Para a tribuna de honra, além do presidente e dos chefes das Forças Armadas, foram convidadas cerca de 200 autoridades, entre elas os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber. No ano passado, Bolsonaro também convidou os chefes dos outros poderes a participar dos festejos alusivos aos 200 anos da Independência, mas, em meio ao ambiente de tensão institucional, nem o ministro Luiz Fux, então presidente do STF, nem Pacheco, nem Lira compareceram.

O presidente não discursou no evento, que durou cerca de duas horas. À tarde, Lula viaja para a Índia, onde participa de reunião da cúpula do G20. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, disse que essa era uma das razões para a realização de uma cerimônia "mais enxuta". O segundo motivo, afirmou, é a intenção de fazer um desfile "mais conceitual, ágil e com algumas inovações". Segundo ele, o evento foi dividido em quatro conceitos: paz e soberania; ciência, tecnologia e inovação; Amazônia e a defesa das fronteiras; e defesa da democracia.

Segurança

Uma atenção especial foi dada à questão da segurança das autoridades presentes ao evento, principalmente para evitar a ocorrência de protestos ou atos de vandalismo. Na semana passada, após reunião com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), anunciou a formação de uma força-tarefa para garantir tranquilidade e segurança durante o 7 de Setembro. A ideia é evitar o que ocorreu em 8 de janeiro deste ano, quando milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes durante horas, sem qualquer intervenção das forças policiais.

Nesta semana, a Secretaria de Segurança Pública do DF apresentou seu Protocolo de Operações Integradas da Semana da Pátria, com participação de diversos órgãos. A previsão de uso de efetivo policial é maior do que o empregado no 7 de Setembro do ano passado e durante a posse de Lula, em janeiro. Segundo o secretário-executivo de Segurança Pública, Alexandre Patury, a inteligência das forças de segurança está fazendo monitoramento de possíveis ameaças.

Na manhã do desfile, o acesso à Praça dos Três Poderes ficou restrito e os prédios públicos foram protegidos por gradis. Houve linhas de revistas nos acessos à área do desfile. Entre os itens proibidos estavam fogos de artifício, armas ou réplicas, apontador a laser, artefatos explosivos, sprays, mastros para bandeiras e cartazes, garrafas de vidro, latas e substâncias inflamáveis.

 

Veja

Fonte: Chico Soares

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