Orban se ausenta da sala
Uma fonte diplomática europeia garantiu à AFP que Orban aceitou se ausentar temporariamente da sala de reuniões no momento em que os 26 países restantes do bloco aprovaram a moção. Outra fonte, um funcionário europeu, indicou que essa decisão "não encontrou oposição". Um pouco mais tarde, Orban publicou no Facebook um vídeo afirmando que seu país se absteve na decisão, e acrescentou que a Hungria "não deseja compartilhar responsabilidade" por essa determinação. Zelensky conversou com seus colegas europeus por videoconferência e, em seu pronunciamento, os advertiu que rejeitar o diálogo representaria um fracasso para a Ucrânia que a Rússia utilizaria em seu favor. "Não deem a ele [o presidente russo, Vladimir Putin] sua primeira - e única - vitória deste ano", suplicou. Por sua vez, a presidente da Moldávia, Maia Sandu, afirmou na rede X que seu país "virou hoje uma página com o sinal verde da UE para as conversas de adesão". Esta decisão acontece no momento em que se acumulavam as dúvidas sobre a continuidade do apoio dos países ocidentais à Ucrânia em sua guerra contra a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022. O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, se manifestou pelas redes sociais indicando que a decisão constitui "um forte sinal de apoio" à Ucrânia. "É claro que esse país faz parte da família europeia", comentou o dirigente alemão. Fontes diplomáticas coincidentes afirmam que foi Scholz que, em meio ao debate, propôs a Orban que ele se retirasse da sala para que a decisão fosse adotada por unanimidade pelos presentes. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou na rede X que trata-se de "um dia que permanecerá gravado na história de nossa União". O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que foi uma resposta "lógica, justa e necessária". Após a reunião, Zelensky se comunicou por telefone com Macron para agradecê-lo pelo empenho no debate. Por sua vez, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, assinalou que é "uma poderosa mensagem geoestratégica também para o resto do mundo, não somente para a Rússia". Durante a reunião, segundo Varadkar, Orban "apresentou seus argumentos e de maneira muito enfática. Ele está em desacordo com esta decisão [...] mas essencialmente decidiu não utilizar seu poder de veto".Questão existencial
Ao chegar à reunião em Bruxelas, o alto representante de política externa da UE, Josep Borrell, disse que o apoio do bloco à Ucrânia era uma "questão existencial". Em uma carta a Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, Orban tinha inclusive pedido formalmente que a questão da Ucrânia fosse retirada da agenda da reunião, para evitar que a falta de consenso provocasse o fracasso do encontro. No entanto, na tarde de quarta-feira, véspera da cúpula, a UE anunciou o desbloqueio de pagamentos a Hungria de até 10,2 bilhões de euros (54 bilhões de reais) que haviam sido congelados por dúvidas sobre o funcionamento do Estado de Direito no país. Mesmo com esta decisão, o processo de adesão à UE normalmente leva muitos anos nos quais aumentam as conversas e há a implementação de reformas. Em alguns casos, podem durar mais de uma década. © Agence France-Pressejornaldebrasilia.com.br