Chico CĂ©sar chega aos sessenta anos. Veja curiosidades sobre a obra do artista

Um dos grandes nomes da música brasileira, o paraibano Chico César comemora 60 anos de idade nesta sexta-feira, 26 de janeiro.

Por Vale do Piancó -PB em 26/01/2024 às 15:50:17
Foto: Reprodução internet

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Um dos grandes nomes da música brasileira, o paraibano Chico César comemora 60 anos de idade nesta sexta-feira, 26 de janeiro. A data é marcada pela expectativa para os novos projetos e pela reflexão do que já foi construído.

Nascido em Catolé do Rocha, Sertão da Paraíba, Chico César se consagrou um dos mais importantes e premiados artistas paraibanos. Em entrevista ao Jornal da Paraíba, ele falou sobre sua trajetória de vida e carreira.

Chico César 60 anos

Chico César diz que refletir sobre os 60 anos não é olhar para o passado e futuro, mas sim para o presente. Para ele, a liberdade musical e como pessoa é o maior trunfo de sua trajetória de vida.

Para chegar a esse momento, tenho que olhar para o presente. Me sinto muito bem, me sinto criativo, livre, muito produtivo. Sei que é uma trajetória de bastante batalha (…) mas essa trajetória me trouxe até aqui e eu me senti muito vivo. Gostaria de continuar assim por mais 30 anos pelo menos, produzindo, criando com a minha inquietação, com meu sentimento de liberdade como músico, expressando a minha relação com a vida, com o mundo, através da música", afirma.

Percepções sobre a arte

O artista diz acreditar que, hoje, consegue enxergar o tipo de produção musical que, de fato, é "sua cara". Mas pondera que também se sente livre para experimentar novos desafios.

Acho que o que demais importante que eu pude construir, e estou construindo, é de não me sentir preso a nada, nem a mim mesmo, de modo que eu posso desapegar de uma hora pra outra de coisas que as pessoas podem associar a 'isso é puro Chico César', ou eu mesmo achar que isso sou eu. De repente, posso abraçar outras coisas e olhar com liberdade para algo novo, abordado de outra forma. acho que isso mantém a minha arte viva", afirma.

Perguntado sobre sua influência na arte paraibana, Chico César diz acreditar que, na verdade, foi beneficiado por outros nomes que vieram antes, e que o fizeram, naturalmente, falar da Paraíba e dos traços nordestinos em suas canções.

Fui assumindo uma porção de comunicabilidade, que é algo que eu havia aprendido antes, ao trabalhar numa loja de discos no sertão da Paraíba, dos 8 aos 13 anos, em Catolé do Rocha. Não adianta muito ser genial e pouca gente conhecer o seu trabalho. É importante ter humildade e dialogar com seu tempo, se você faz musica popular, como eu fiz ou eu faço. Eu quero a massa, conversar com ela, sem forçar nenhuma barra, e creio que por isso estou aqui agora", explica.

Novos projetos

Ao Jornal da Paraíba, Chico César revelou que tem dois novos projetos em vista. O primeiro deles é o disco "Ao Arrepio da Lei", gravado em parceria com Zeca Baleiro. O disco surgiu da amizade construída ao longo dos anos.

O disco com Zeca Baleiro, um parceiro maranhense, que ao chegar em São Paulo nos conhecemos e ocorreu uma identificação imediata, porque tínhamos essa coisa de vir do Nordeste e ter um olhar crítico pra o mundo. Queríamos dialogar com o mundo usando os elementos nordestinos, e isso criou uma identificação muito forte entre nós e celebramos isso agora com o disco", afirma.

De acordo com Chico César, após o lançamento do disco ele deve sair em turnê, junto com Zeca Baleiro, assim como fez no lançamento do disco e turnê "Violivoz", com Geraldo Azevedo.

O segundo projeto previsto para sair em breve é o disco "Belezas Pra Nós", produzido durante a pandemia de Covid-19 quando Chico César esteve no Uruguai.

Gravei nos quatro meses durante a pandemia, quando fiquei no Uruguai, conheci dois argentinos e compusemos umas 10 músicas, em inglês português e espanhol. Fizemos uma versão em espanhol de "Estado de Poesia", e agora logo logo vocês escutarão", finalizou.

5 CURIOSIDADES SOBRE SUAS MÚSICAS

'À Primeira Vista' e desencontros

Chico César era amigo de André Abujamra, que sempre marcava para ambos se encontrarem, mas nunca aparecia.

"Ele marcava as coisas comigo para eu ir lá na casa dele, ele morava em Higienópolis com os pais e ele desaparecia, ele marcava comigo e não ia, ele esquecia ou ficava na casa de Anna, eu sei que ele me dava sempre canos", disse Chico César em um vídeo, no seu canal do YouTube.

A música "À Primeira Vista" nasceu em um desses desencontros. Chico relata que esperou até as 22h30 por André até que decidiu ir para sua casa, que na época ficava no Bairro de Santo Amaro, em São Paulo.

Ele pegou um ônibus, sentou no último banco, abriu sua agenda e começou a escrever. No primeiro verso, ele escreveu "quando não tinha nada eu quis" e no último "quando vi você me apaixonei", junto de outros versos que Chico considerou toscos.

Ao chegar em casa, Chico releu os versos e pensou que já que tinha uma música de amor escondida entre letras alternativas e undergrounds. Ele cortou isso e recomeçou a escrever "À Primeira Vista".

'Amarrara Dzaia Soiê'

O cantor relata que o refrão "Amarrara dzaia soiê/ Dzaia dzaia/ Aí iii iinga dunrã" nasceu quando ele estava ensaiando com um grupo de artistas, mas decidiu ir para casa porque os integrantes de seu primeiro grupo, o Câmara dos Camaradas, decidiu ir para uma show que ele não queria.

Já em sua casa, ele começou a tocar "À Primeira Vista" e fazer improvisos o que acabou virando o refão da música. O trecho, no entanto, não significa nada.

Quem é 'Mama África'?

Quando ainda morava em São Paulo, nos anos 80, Chico estava esperando a visita de sua irmã Emerina, mas ainda era muito cedo para ele ir de táxi ou de ônibus. Com isso, ele foi a pé, do começo da rua João Dias, até o aeroporto.

Quando ele cruzou a rua Adolfo Pinheiro, Chico presenciou as mulheres da cidade grande indo trabalhar, passando com sacolas, o que o inspirou a criar o refrão da música "Mama África".

Chico também pensou no continente africano como uma mãe de onde saíram tantos filhos para a América Central, América do Sul e América do Norte e como essa diáspora vira as costas para a mãe África. E como essa mãe África é explorada até hoje pelos colonizadores europeus e como pouco se retribui para o continente.

Homenagem a Elis Regina

"Beradêro" é a primeira música do álbum "Aos Vivos", de Chico César, e também é uma homenagem para a cantora Elis Regina que morreu em janeiro de 1982.

A música em questão nasceu entre o final de 1984 e o início de 1985, quando Chico ficou hospedado na casa de um amigo poeta que era muito fã de Elis e a escutava sem parar.

O artista conta que, ao começar a escrever "Beradêro", possivelmente a própria Elis não entendesse o local de endeusamento em que ela foi colocada, mas era apenas uma estrofe que não serviu para nada e acabou sendo engavetada por Chico.

Anos depois, quando Chico foi para São Paulo, ele se juntou com outros colegas para um show.

"E era um show de 4 artistas e tal, me lembrei que tinha aquela música referente à Elis e resolvi escrever mais três estrofes", Chico contou.

Quando terminou de escrever e mostrou aos colegas sugerindo que eles abrissem o show com a música, eles se negaram. Contudo, Chico resolveu tirar uma música de seu repertório para cantar "Beradêro".

Uma música para Roberto Carlos

Chico relembra que um dia, em sua casa, em São Paulo, ele recebeu uma ligação em seu telefone fixo, de Eduardo Lages, diretor musical e pianista de Roberto Carlos, que não conhecia pessoalmente na época.

Roberto queria gravar uma música de Chico, e Eduardo ficou com a missão de entrar em contato com o artista. Chico César nunca pensou que esse dia chegaria e que não tinha nenhuma música que combinasse com o estilo musical do rei, apesar de escutar muito a obra dele quando era criança.

Chico César se lembrou que algumas músicas de Roberto tinham a ver com a música "New York, New York", de Frank Sinatra, e pensando também no ritmo do foxtrote veio "Pensar em Você".

Chico relata que se ele tivesse gravado de uma forma diferente, em que ele pudesse tocar de uma forma mais "canção" sem as marcações, talvez tivesse um resultado diferente.

Roberto Carlos recebeu a música mas não a gravou. Apesar de tudo, foi uma alegria para Chico de que havia em Roberto uma percepção sobre o trabalho dele como compositor.

Informações com Jornal da Paraíba

Fonte: clintonmedeiros

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