Mentor da 'Barbárie de Queimadas' foi preso com documento falso e após grupo criminoso cessar ajuda

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Por Vale do Piancó -PB em 19/03/2024 às 14:39:15
Mentor da 'Bárbarie de Queimadas', Eduardo dos Santos Pereira estava sozinho na casa em que morava quando foi preso em Rio das Ostras, município do Rio de Janeiro. Eduardo dos Santos Pereira, o mentor da "Barbárie de Queimadas", estava escondido em uma casa alugada na cidade de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro

Polícia Civil/Reprodução

Mentor da "Bárbarie de Queimadas", Eduardo dos Santos Pereira estava sozinho na casa em que morava quando foi preso na manhã desta terça-feira (19) em Rio das Ostras, município do Rio de Janeiro. Ele vinha usando um documento falso, em nome de um idoso de 62 anos, e contou com a ajuda operacional e financeira de familiares e, por um período, de um grupo criminoso. Foi depois que a ajuda desse grupo criminoso findou, que a Polícia Civil da Paraíba teve mais facilidade em mapear o paradeiro do fugitivo.

As informações foram repassadas em uma entrevista coletiva que foi realizada no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da Secretaria de Estado de Segurança e Defesa Social, que contou com a presença de diferentes autoridades das forças de segurança da Paraíba. Foi informado também que aquele era o terceiro endereço que Eduardo se fixava no estado fluminense desde que fugiu do presídio de segurança máxima PB1, em João Pessoa.

Mentor da 'Barbárie de Queimadas', Eduardo dos Santos é preso após 3 anos foragido

Delegado-geral da Polícia Civil da Paraíba, André Rabelo destacou que Eduardo fugiu da Paraíba direto para a comunidade da Rocinha, no município do Rio de Janeiro, onde o pai dele mora e tem um bar. E onde ele morava antes de se mudar para Queimadas, no interior da Paraíba.

"Ele tinha uma uma vida pregressa no Rio de Janeiro. Chegou em Queimadas e com ele veio o costume de ter, possuir, fazer o que bem queria com a mulher que quisesse. Depois de cometer o crime e conseguir fugir, voltou para o local onde se sentia protegido", explicou o delegado-geral.

André Rabelo destaca que, desde a época de Queimadas, Eduardo já apresentava um estilo incompatível com a sua renda declarada. E que essa realidade continuou depois da fuga, já que Eduardo nunca trabalhou em todo esse tempo. O delegado explicou ainda que a ajuda financeira e operacional de um grupo criminoso do Rio de Janeiro só foi suspenso no primeiro semestre de 2023, pouco depois de o programa Linha Direta, da TV Globo, ir ao ar.

Depois que a ajuda do grupo criminoso cessou, apenas seus familiares continuaram a ajudá-lo. E isso teria facilitado o processo de mapear os passos que o criminoso dava e de rastrear o dinheiro que chegava até ele.

"Chegamos perto de prendê-lo várias vezes, mas não é fácil encontrar alguém que está fugindo do aparato estatal", frisou.

Foi mais ou menos nessa época, quando a ajuda do grupo criminoso se findou, que Eduardo dos Santos Pereira deixou a Rocinha e se mudou para o município de Macaé. Em torno de seis meses atrás, nova mudança, dessa vez para Rio das Ostras, onde ele finalmente foi localizado e preso.

"Todos os recursos disponíveis foram usados. Conseguimos prendê-lo sem disparar um tiro, sem arrombar uma porta", comentou André. "A gente entende que o tempo que uma investigação dura nem sempre é aquele que a sociedade espera, mas não é fácil procurar alguém que se esconde da Justiça em diferentes estados da federação", completou.

Veja a casa onde estava escondido o mentor da 'Barbárie de Queimadas'

A delegada Kassandra Duarte, que acompanha o caso da "Barbárie de Queimadas" desde 2012, quando à época era a delegada de Homicídios da Polícia Civil, ressaltou que era emblemático o fato de a prisão de Eduardo dos Santos acontecer no mês da mulher. Ela classificou o caso como sendo de "gravidade extrema" e relembra que envolveu dez homens, sendo sete adultos e três adolescentes.

"Foram cinco mulheres estupradas, sendo que duas delas foram mortas por terem identificado os criminosos", destacou Kassandra. "A prisão de Eduardo é uma resposta estatal contra a impunidade", prosseguiu.

De acordo com Kassandra Duarte, "ninguém mata por ter cuidado ou porque ama. Se mata e se comete violência contra a mulher, é porque a vê como um objetivo". Ainda segundo ela, é esse tipo de cultura que é combatido quando o Estado impede que crimes dessa natureza permaneçam impunes.

A "Barbárie de Queimadas" aconteceu em 2012, quando cinco mulheres foram estupradas durante uma festa de aniversário, por homens que elas consideravam serem seus amigos. Entre elas estavam Izabella Pajuçara e Michelle Domingos, mortas de forma violenta porque, durante os estupros, identificaram os agressores.

Além de Eduardo, outros seis homens foram considerados culpados e receberam sentenças, enquanto três adolescentes foram sentenciados a cumprir medidas socioeducativas. Eduardo foi condenado a 108 anos e dois meses de prisão em setembro de 2014, mas em 17 de novembro de 2020 ele conseguiu fugir da penitenciária em que estava usando a porta lateral da edificação.

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