Após ataques racistas e gordofóbicos em escola, pai da vítima fala ao Jbr

Durante um interclasse no colégio particular Pódion, uma estudante sofreu ataques racistas e gordofóbicos por integrar time vencedor de um jogo, contra o time da pessoa que teria proferido a ofensa.

Por Vale do Piancó -PB em 22/04/2024 às 20:19:00

Durante um interclasse no colégio particular Pódion, uma estudante sofreu ataques racistas e gordofóbicos por integrar time vencedor de um jogo, contra o time da pessoa que teria proferido a ofensa. As palavras "preta gorda" foram ditas contra a filha de Jorge Augusto, professor de matemática que é crítico ao posicionamento da escola. A escola afirmou, após contato com a reportagem do Jornal de Brasília, que a aluna foi convidada a se retirar do estabelecimento.

Segundo afirmou Jorge, as ofensas racistas e gordofóbicas foram feitas num grupo da escola após o jogo já ter terminado, chegando ao conhecimento do pai, primeiro, pela filha, que teria sido alertada por amigos de que estava sendo alvo dos ataques. A primeira reação do pai foi considerar que se tratava de fofoca, por não poder comprovar o falatório, e tentou apoiar a filha da forma que era possível. Entretanto, quando os prints apareceram, o posicionamento do pai ficou mais incisivo.

Os prints que vieram a público do grupo onde as mensagens foram mandadas mostram os termos sendo usados por um dos integrantes do grupo e gerando reações de revolta de alguns estudantes e de apoio de outros. Um dos integrantes do grupo teria chamado a pessoa que desferiu as ofensas de racista e gordofóbica, comentário que teria gerado a reação "deixa meu racismo e minha gordofobia", mensagem acompanhada de uma risada escrita em caixa alta.

Quando continuou sendo confrontada, respondeu com mais mensagens em caixa alta, sem levar a sério a situação.

Segundo afirma o pai da vítima, haviam mais pessoas compondo o ataque. "Teve mais gente, isso é o mais chocante, tinha filho de professor concordando com a menina, dizendo 'quem nunca', outros alunos falando o mesmo, dando voz para a agressora", disse.

"Tô tremendo de raiva o dia todo, porque até a hora dela [a filha] me mandar [os prints], eu tava tratando como uma intriguinha. Porque para mim é inconcebível a gente viver num país onde as pessoas são miscigenadas e alguém ainda chegar e chamar o outro de preto", desabafa o pai.

"Não faz sentido nenhum!"

Segundo diz, Jorge não planeja se contentar com a "punição" dada pela escola, e planeja ir à delegacia da criança e do adolescente registrar queixa. "Fiquei sabendo que a aluna foi suspensa por 3 dias,e eu acho que isso é pouco", disse.

Vários aspectos na forma com que a escola lidou com a situação, ao pai pareceram ser de uma "morosidade absurda". "A primeira coisa que eles deveriam fazer é ter me comunicado 'aconteceu isso e isso e isso e a gente vai tomar a providência'. Não falaram nada, e só falaram alguma coisa agora porque eu mandei um email", disse

Jorge afirma que a escola se mostrou, em um primeiro momento, na intenção de "abafar o caso", coisa que soube principalmente pela sua filha, que recebeu da direção não respostas concretas, mas falas imprecisas como que "iriam resolver" ou "já foi resolvido", sem nenhuma satisfação mais clara. "Só entraram em contato com a gente agora, no final do dia".

Jorge diz não ter certeza de que essa é a primeira vez que sua filha sofre algum tipo de preconceito, mas cita um caso com seu outro filho, na mesma escola.

Seus dois filhos tiveram acesso à Pódion por meio de uma bolsa que Jorge, então professor de matemática na instituição, teria conseguido por sua posição. Apesar da vantagem do cargo, no entanto, segundo diz, no ano passado seu filho, que era, portanto, bolsista, foi convidado a se retirar por uma falha de postura.

Além de hoje ele ser crítico ao tratamento, aparentemente, diferencial dado a estudantes pagantes e bolsistas, ele diz que, apenas depois da expulsão, descobriu que seu filho sofria preconceito por ter pais gays e ainda na posição de professor, Jorge tentou tomar uma atitude, mas sem grandes efeitos. "Eu reportei isso, e eles nunca fizeram nada, nunca. Nem se desculpar por não ter visto que existia discriminação dentro da escola. Eu conheço outros pais que tiraram os filhos da escola por motivo de preconceito também", disse Jorge. "Eu acredito muito no poder da educação. Eu acho que a escola tem que ser uma agente, e não ficar escondendo ou empurrando o problema para debaixo do tapete, que é o que eles estão fazendo".

Em resposta, a direção da Escola Pódion afirmou ter tomado conhecimento, no dia de 22/04, dos supostos últimos fatos. "Imediatamente iniciamos o processo de apuração do ocorrido, com o objetivo de repreendermos com vigor quaisquer atos dessa natureza. O Colégio Pódion não compactua e repudia toda forma de discriminação e pugna pelo tratamento igualitário para todos os seres humanos. Em razão dos supostamente envolvidos serem menores, a escola manterá em sigilo os dados das partes", afirmou a instituição.

Fonte: jornaldebrasilia.com.br

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