Delegada que recebeu denĂșncia sobre mĂ©dico de João Pessoa que agrediu ex-companheira Ă© dispensada

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Por Vale do Piancó -PB em 16/09/2023 às 21:13:35
Delegacia recebeu denúncia do condomínio em 2022, mas só prosseguiu com as investigações este ano, após denúncia formal da vítima. Caso está sendo acompanhado pela Corregedoria da Polícia Civil. Polícia investiga vídeo em que médico de João Pessoa aparece agredindo ex-companheira

A delegada Nadja Filho de Araújo foi dispensada de suas atividades na Delegacia da Mulher de João Pessoa por não dar continuidade às investigações sobre o caso do médico que agrediu a ex-companheira no elevador de um condomínio, em João Pessoa.

A delegada recebeu a denúncia do condomínio em 2022, informando sobre a existência das imagens que registravam a agressão que aconteceu no elevador do local e não deu continuidade às investigações. O caso só está sendo investigado agora em 2023, após a denúncia formal da vítima, feita em agosto.

Polícia investiga vídeo que mostra médico agredindo ex-companheira, em João Pessoa

Reprodução/TV Cabo Branco

A Coordenadoria das Delegacias da Mulher informou que, na época em que o caso aconteceu, a vítima chegou a ser ouvida, mas preferiu não denunciar o médico. E por isso não foi dado andamento às investigações. Porém, o entendimento do STF, desde 2012, é que casos de violência contra a mulher devem ser investigados, independente do desejo da vítima.

A decisão de dispensar a delegada foi tomada pela Secretaria da Segurança Pública e publicada no Boletim de Serviços da Polícia Civil neste sábado (16).

O caso está sendo acompanhado pela Corregedoria da Polícia Civil, responsável por apurar qualquer irregularidade na conduta dos agentes públicos envolvidos na apuração e encaminhamento da ocorrência violência doméstica.

A TV Cabo Branco tentou contato com a delegada mas não houve resposta.

Relembre o caso

Em um vídeo, gravado em abril do ano passado, o médico João Paulo Souto Casado está em um elevador e puxa o cabelo da mulher e a empurra várias vezes, na frente de uma criança. Já em outras imagens, de setembro de 2022, a vítima é agredida com socos dentro de um carro.

Em entrevista ao Bom Dia Paraíba, no último dia 11, a delegada Paula Monalisa explica que as imagens foram entregues à polícia, pela própria vítima, em agosto deste ano.

Delegada diz por que denúncia de violência doméstica contra médico foi arquivada em 2022

"Ela procurou a delegacia e nos forneceu essas imagens. Ela também foi ouvida, com bastante riqueza de detalhes, e as medidas protetivas já foram solicitadas e deferidas pela Justiça. O inquérito está em andamento", falou a delegada.

A polícia chegou a pedir a prisão de João Paulo Casado, mas o pedido foi negado pela Justiça. Ele chegou a se apresentar à polícia, ficou calado durante o depoimento e foi liberado.

As agressões que o médico João Paulo Souto Casado teria cometido contra a ex-companheira aconteceram entre os anos de 2020 e 2023, segundo consta no texto da decisão da Justiça que negou pedido de prisão do suspeito.

Afastamento dos cargos

Após a divulgação das imagens nas redes sociais, a secretária interina de Saúde de João Pessoa, Janine Lucena, publicou nas redes sociais uma nota em que pediu o afastamento imediato de João Paulo do cargo do diretor técnico do Trauminha. No Diário Oficial de João Pessoa, foi oficialmente publicada a exoneração do diretor técnico do Trauminha.

Além disso, João Paulo também é Cabo Bombeiro Militar da Paraíba e médico atuante no Grupo de Resgate Aeromédico do Corpo de Bombeiros (Grame) e no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa.

A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB), em nota, informou que "repudia as agressões e se solidariza com a vítima, afastando, portanto, o servidor de sua função pública".

O secretário de Saúde da Paraíba, Jhony Bezerra, divulgou que afastou o servidor de ambas as funções no Trauma e no Grame.

Já o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) informou em nota que determinou a abertura de uma sindicância, considerando os artigos 23 e 25 do Capítulo IV do Código de Ética Médica.

O Corpo de Bombeiros informou que um procedimento apuratório para investigar a conduta do médico, que é militar do CB desde 2005, vai ser aberto.

Os referidos artigos dizem respeito à "Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto", e "Deixar de denunciar prática de tortura ou de procedimentos degradantes, desumanos ou cruéis, praticá-las, bem como ser conivente com quem as realize ou fornecer meios, instrumentos, substâncias ou conhecimentos que as facilitem."

Como denunciar casos de violência contra a mulher

Denúncias de estupros, tentativas de feminicídios, feminicídios e outros tipos de violência contra a mulher podem ser feitas por meio de três telefones:

197 (Disque Denúncia da Polícia Civil)

180 (Central de Atendimento à Mulher)

190 (Disque Denúncia da Polícia Militar - em casos de emergência)

Além disso, na Paraíba o aplicativo SOS Mulher PB está disponível para celulares com sistemas operacionais Android e iOS e tem diversos recursos, como a denúncia via telefone pelo 180, por formulário e e-mail.

As informações são enviadas diretamente para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que fica encarregado de providenciar as investigações.

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