Hezbollah, Irã e EUA podem entrar na guerra de Israel? O que esperar da próxima fase do conflito

Na manhã de 7 de outubro mísseis foram vistos no céu por frequentadores de um festival de música eletrônica em Israel, próximo à fronteira com a Faixa de Gaza.

Por Vale do Piancó -PB em 21/10/2023 às 22:31:21
Foto: Reprodução internet

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Na manhã de 7 de outubro mísseis foram vistos no céu por frequentadores de um festival de música eletrônica em Israel, próximo à fronteira com a Faixa de Gaza. Poucas horas depois, o evento que promovia "unidade e o amor" se tornou uma cena de terror. Militantes do Hamas invadiram o local e áreas próximas, onde encontraram 260 corpos. Ao todo, 1.400 pessoas morreram.

Desde o ataque terrorista do grupo radical islâmico, o país judaico lançou uma contraofensiva e realiza bombardeios diários no território palestino, onde mais de 4 mil pessoas já morreram. Tanques israelenses estão concentrados há dias na fronteira com a Faixa de Gaza, fortalecendo a hipótese de uma operação terrestre, esperada para os próximos dias.

Incursão terrestre

Para o professor de Geopolítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fernando Brancoli, uma incursão é iminente. Segundo ele, a ação militar pode durar meses.

"Estamos falando de uma ação militar que dure mais de 6 meses e a expectativa é de pelo menos 8 meses", disse à CNN.

Uriã Fancelli, especialista em Relações Internacionais, acredita que o conflito em Israel durará mais do que a guerra na Ucrânia, que já se estende há mais de um ano e meio.

"Vai durar muito mais que a guerra na Ucrânia. Esse já é um conflito que se estende por muitas décadas", pontou em entrevista à CNN.

Na avaliação de Sandro Teixeira Moita, professor de Ciências Militares na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), sem uma ação militar na Faixa de Gaza, Israel terá dificuldade para conter novos ataques do Hamas e de outros grupos radicais islâmicos no futuro.

"A sensação que a gente vê nos discursos políticos e estratégico israelenses é de que uma ação é necessária porque se cruzou uma fronteira que não havia sido cruzada. O Hamas demonstrou uma sofisticada capacidade de ataque. Israel sente, mesmo que Gaza seja uma armadilha, é preciso entrar ali para acabar com o Hamas", pontuou Moita em entrevista à CNN.

O professor da Eceme ressaltou que o combate urbano é uma das missões mais difíceis a serem dadas a uma força combatente.

Os especialistas alertaram para o risco de uma incursão terrestre na Faixa de Gaza, um território densamente povoado, desconhecido pelos soldados israelenses e repleto de túneis criados pelo Hamas.

Uriã destacou que não é possível saber o que Israel fará após avançar no território, no entanto, listou algumas possibilidades: "entrar, acabar com o Hamas e sair; ocupar a região; entrar e passar o controle da região para a comunidade internacional; ou deixar que a autoridade palestina assuma".

Crise humanitária

A Faixa de Gaza enfrenta uma crise humanitária desde o início do conflito com bombardeios diários e o "bloqueio total" imposto por Israel, interrompendo o fornecimento de alimentos e cortando a eletricidade à Faixa de Gaza.

Mais de 4.000 morreram no território e milhares ficaram doentes. Os hospitais já ultrapassaram sua capacidade máxima. Um deles está usando caminhões de sorvete como necrotérios improvisados ??para complementar as morgues hospitalares, que estão lotadas.

Outros hospitais lutam para continuar funcionando enquanto combustível, água e eletricidade estão acabando.

Mais de 60% das instalações de cuidados primários estão fechadas e os hospitais estão à beira do colapso devido à falta de energia, medicamentos, equipamento e pessoal especializado, de acordo com uma declaração do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) na quinta-feira (19).

A escassez de combustível está fazendo com que os moradores da Faixa de Gaza recorram ao uso de água contaminada, já que a maior parte da água não é potável porque precisa de unidades de tratamento para processamento, o que requer combustível, disse Hiba Tibi, diretor da CARE na Cisjordânia e em Gaza, à CNN.

Para o professor Fernando Brancoli, a tendência é piorar se Israel avançar no território palestino.

"No momento em que essa fase militar se tornar terrestre, a chance de uma tragédia humanitária é quase certa. A gente vai ver certamente um aumento expressivo de morte de civis, da falta de medicamentos, que já é explícita, vai piorar. A gente provavelmente vai ver uma nova fase da guerra ainda mais brutal", disse.

Novos atores

Enquanto Israel combate o grupo radical islâmico Hamas na Faixa de Gaza, aumenta a tensão sobre a abertura de uma nova frente de guerra, contra o libanês Hezbollah, no norte do país.

O Hezbollah é uma organização política e paramilitar fundamentalista (xiita) islâmica que atua na Faixa de Gaza e em vários países do Oriente Médio. Para Israel, o armamento avançado deles o torna uma ameaça maior do que a de outros grupos palestinos apoiados pelo Irã, como o Hamas.

Desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, os ataques entre o Hezbollah e as forças israelenses se intensificaram na fronteira libanesa-israelense, como nunca visto desde 2006, quando o Hezbollah e Israel travaram uma guerra.

Para Fernando Brancoli, as chances desse conflito se transformar uma guerra regional, apesar de hoje ser improvável, não é impossível.

"Nada impede que após as movimentações militares terrestres de Israel, imaginando que uma ação terrestre por parte de Tel Aviv é iminente neste momento, que as imagens que vão começar a circular não gerem repercussões por parte de outros grupos militantes e que o Hezbollah resolva entrar no conflito", disse.

Entre outras potências que podem entrar no conflito de forma mais incisiva estão: Irã e Estados Unidos.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, alertou que se as "atrocidades" contra a Faixa de Gaza persistirem, "os muçulmanos e as forças de resistência podem perder a paciência" e ninguém seria capaz de impedir as ações deles".

Os EUA são parceiros de longa data de Israel e já declararam apoio ao país de judaico. Há dois porta-aviões norte-americanos perto de Israel e em caso de movimentação de militar do Hazbollah é possível uma entrada dos EUA mais potente, pontuou Brancoli.

"O conflito que nesse momento já é brutal pode envolver o Hezbollah e pode arrastar outras potências, seja os EUA e até mesmo o Irã, o que aumentaria a escala da tragédia. Apesar de estarmos falando nesse momento de um conflito entre Israel e o Hamas existe também a possibilidade, conforme as coisas forem escalonando, de outros atores entrarem em cena, e aí não conseguimos mensurar a tragédia que pode acontecer no Oriente Médio", declarou o professor de Geopolítica da UFRJ.

 

CNN

Fonte: blogchicosoares

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