Ibovespa sobe 1,31% e retoma a linha de 128 mil pontos, com Vale e Petrobras

Ainda descolado do sinal de Nova York - mas hoje em sentido inverso ao que havia prevalecido nas últimas sessões -, o Ibovespa saiu de 126 mil para 128 mil pontos, em alta de 1,31% nesta terça-feira, 23, em que contou com forte apoio de Vale (ON +2,06%) e, em menor grau, de Petrobras (ON +1,46%, PN +1,25%), três das quatro principais ações do índice - o que inclui Itaú PN, que também subiu, embora moderadamente (+0,46%).

Por Vale do Piancó -PB em 23/01/2024 às 18:45:22

Ainda descolado do sinal de Nova York - mas hoje em sentido inverso ao que havia prevalecido nas últimas sessões -, o Ibovespa saiu de 126 mil para 128 mil pontos, em alta de 1,31% nesta terça-feira, 23, em que contou com forte apoio de Vale (ON +2,06%) e, em menor grau, de Petrobras (ON +1,46%, PN +1,25%), três das quatro principais ações do índice - o que inclui Itaú PN, que também subiu, embora moderadamente (+0,46%). Um pouco de humor favorável à China fez com que a B3 andasse bem à frente de Wall Street, que ficou entre perda de 0,25% (Dow Jones) e ganhos de 0,29% (S&P 500) e 0,43% (Nasdaq) na sessão. Hoje, o Ibovespa oscilou dos 126.611,68, da abertura, até os 128 331,38 pontos (+1,37%), em renovação de máximas ao longo da tarde. Ao fim, com giro a R$ 21,8 bilhões, mostrava 128.262,52 pontos, melhor nível de fechamento desde o dia 17 (128.523,83). Foi também o maior ganho diário em porcentual desde 13 de dezembro, então em alta de 2,42%. Na semana, o índice sobe 0,49%, com perda no mês a 4,41%. Enquanto o dia foi de recuperação de preço para o minério de ferro na China, o petróleo mostrou viés de baixa, o que não impediu Petrobras de avançar nesta terça-feira, nas máximas do dia no meio da tarde, o que deu impulso adicional ao Ibovespa, logo atrás de Vale. Na ponta ganhadora do índice, destaque para IRB (+11,00%, após divulgação de lucro líquido até novembro, o primeiro desde 2019 para o mesmo intervalo), BRF (+6,89%) e Minerva (+5,78%). No lado oposto, 3R Petroleum (-1,99%), Casas Bahia (-1,52%) e Pão de Açúcar (-1,40%). Com a agenda de indicadores relativamente vazia, a atenção se voltou nesta terça-feira para a China, observa em nota a Guide Investimentos. Os investidores aqui e por lá se animaram com novos relatos sobre a possibilidade de ajuda do governo, após os principais índices acionários da maior economia da Ásia terem atingido mínimas em anos, acrescenta a Guide, referindo-se a pacote de cerca de US$ 300 bilhões, que inclui compra de ações pelo governo, aguardado para os próximos dias. "Viemos ontem de um pregão de queda do Ibovespa, e muito comprador de dólar que reaproximou a moeda americana de R$ 5. Hoje, a recuperação se esboçou antes da abertura do índice à vista, com o sinal positivo emitido pelos contratos futuros de Ibovespa, e ajuste favorável observado também no câmbio", diz Alan Soares, analista da Toro Investimentos. Nesta terça-feira, "o dólar abriu com gap curto, mas chegou a ser negociado, durante a sessão, a R$ 5; depois mostrou queda bem consistente, e com bastante volume", acrescenta o analista, referindo-se à acomodação tanto do Ibovespa como do real, hoje, após a retomada de preocupações sobre a situação fiscal, ontem, em razão do anúncio de nova política industrial pelo governo, com destinação de R$ 300 bilhões até 2026. No fechamento desta terça-feira, o dólar à vista indicava baixa de 0,64%, a R$ 4,9552. "Boa parte da alta do Ibovespa hoje pode ser explicada por correção técnica ante as quedas que tivemos em janeiro, um início do ano marcado por forte fluxo vendedor, em que os investidores realizaram lucros após as altas intensas de novembro e dezembro", diz Andre Fernandes, sócio e head de renda variável da A7 Capital. Esse fluxo vendedor tem, em boa medida, relação com reposicionamento do investidor estrangeiro - que procede a ajuste das carteiras, especialmente em emergentes como o Brasil, tendo em vista que os juros de referência dos Estados Unidos podem não cair tão cedo quanto vinha sendo estimado no fim de 2023. Nesse contexto, os estrangeiros retiraram R$ 3,451 bilhões da B3 na sessão de sexta-feira, 19. Foi a maior retirada diária desde fevereiro de 2021, de acordo com dados levantados pelo Broadcast, reporta a jornalista Isabela Moya. Em janeiro, até o momento, houve retirada de R$ 4,402 bilhões, resultado de compras acumuladas de R$ 176,565 bilhões e vendas de R$ 180,967 bilhões. Hoje, reforça Fernandes, da A7, a relativa recuperação do Ibovespa decorreu de um fator externo, a China, que "pretende soltar um pacote de até US$ 280 bilhões para ajudar o mercado financeiro do país, que cai faz 3 anos". "Isso está se refletindo positivamente nas commodities metálicas, ajudando as ações do setor na nossa bolsa, entre as quais a Vale, que tem peso relevante no Ibovespa", acrescenta. Assim, além da mineradora, outros nomes importantes do segmento foram bem na sessão, como Gerdau (PN +1,77%) e CSN (ON +1,69%). Nesta terça-feira, o desempenho em direção única das quatro ações de maior peso no Ibovespa - Vale ON (com ponderação de 14,1603%), Petrobras PN (7,4321%), Itaú Unibanco PN (7,1255%) e Petrobras ON (4,40543%) - também foi fundamental para a recuperação parcial vista na B3. "A Bolsa fechou bem, acima dos 128 mil pontos, e o dólar também recuou, a R$ 4,95. Além do fator externo, no noticiário doméstico houve boa noticia: a arrecadação federal de 2023 - divulgada de manhã - foi a segunda maior da série histórica superada apenas pela de 2022, na sequência iniciada em 1995, em termos reais, o que contribui em momento de incertezas fiscais", observa Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos.

Juros

Os juros futuros fecharam perto da estabilidade. O impacto do recuo do dólar acabou neutralizando o efeito do avanço do rendimento dos Treasuries, mas a questão fiscal em aberto e expectativa pelos dados da semana, com destaque para os de inflação no Brasil e nos Estados Unidos na próxima sexta-feira, limitaram o ímpeto do mercado. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro 2025 encerrou em 10,085%, de 10,079% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 9,81% para 9,79%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 9,97% (9,98% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,39%, de 10,41%. A terça-feira foi, de maneira geral, fraca para o mercado de juros. As taxas curtas seguiram coladas aos ajustes de ontem, dado que as apostas para o Copom na próxima semana parecem bem precificadas para um novo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, hoje em 11,75%. A ponta longa cedeu poucos pontos-base, com o mercado à espera de uma definição da questão da reoneração da folha e ainda digerindo mal o programa da nova indústria anunciado ontem pelo governo. Serão R$ 300 bilhões até 2026 para fomentar o setor, sendo R$ 250 bilhões bancados pelo BNDES. "Essa maior atuação do banco de fomento é mais um elemento que recomenda prudência no corte da Selic, dificultando quedas adicionais das taxas futuras", afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria. O resultado da arrecadação em dezembro, de R$ 231,2 bilhões, superou a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (R$ 224,7 bilhões), mas não chegou a empolgar. "O cenário para 2024 permanece desafiador, visto que o cumprimento da meta fiscal depende de expansão das receitas em patamar muito acima da média histórica", afirma o economista João Leme, também da Tendências. A entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ontem à noite, ao programa Roda Viva, não teve grande repercussão nos negócios, mas a defesa enfática do debate em torno da política para a folha de pagamentos é vista com bons olhos. O chefe da equipe econômica disse que não vai se "deixar levar" por pressões, ressaltou que o diálogo sobre o tema está aberto com o Legislativo e afirmou ver chance de o impasse ser resolvido na próxima semana. O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, disse que Haddad está buscando uma saída na medida em que o governo precisa encontrar receitas para neutralizar o crescimento dos gastos e garantir a meta de primário zero este ano. "O Brasil não pode ter déficit", alertou Mathias, que por outro lado lembra que a economia em 2024 deve crescer com base no consumo e na expansão da indústria, o que ajuda a arrecadação. Ele destaca que os ativos vêm passando nas últimas semanas por um processo de correção de exageros na precificação das apostas de corte de juros nos Estados Unidos, que devolveu a taxa da T-Note de dez anos a níveis acima de 4,10%, após ter caído abaixo de 4% em dezembro, mas que parece estar se esgotando. "A dinâmica da realização nos mercados globais provocou ajustes aqui também, mas no geral nada mudou e o cenário para a política monetária nos EUA segue positivo, com a curva americana bem ajustada agora para cortes em torno de 130 pontos-base em 2024", comentou.

Dólar

O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 23, em baixa de 0,64%, cotado a R$ 4,9552, na contramão da onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Segundo operadores, após a alta de 1,23% ontem, na esteira do anúncio da nova política industrial do governo Lula, ajustes naturais de posições e movimentos de realização de lucros no mercado futuro deram fôlego ao real. Houve também relatos de fluxo de recursos para a bolsa, em dia de alta do minério de ferro com anúncio de medidas de apoio ao mercado acionário na China, e de internalização de recursos por parte de exportadores após a moeda romper o nível de R$ 5,00, com máxima a R$ 5,0020 no início do pregão. A mínima foi a R$ 4,9490, à tarde, em meio ao avanço do Ibovespa. No exterior, o dólar subiu em relação a moedas fortes, como euro e iene, e a divisas emergentes de países exportadores de commodities, incluindo pares latino-americanos do real, como os pesos mexicano e chileno. As taxas dos Treasuries avançaram, com a T-note de 2 anos ultrapassando o nível de 2,40% no pico. Investidores adotam uma postura mais conservadora à espera da agenda carregada nos EUA, com divulgação de leitura preliminar do PIB do primeiro trimestre na quinta-feira, 25, e do índice de preços de gastos com consumo (PCE) na sexta-feira, 26. Esses indicadores vão dar mais subsídios para as apostas em torno do primeiro corte de juros nos EUA, com chances majoritárias passando de março para maio nos últimos dias. O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, observa que, após um desmonte de parte de posições vendidas em dólar futuro ontem por parte de fundos locais, hoje houve realização parcial de lucros no mercado doméstico que ajudou a moeda americana a se descolar da tendência externa. "E surgiu também uma luz no fim do túnel do ponto de vista cíclico para o real, com a promessa da China de pacote de estímulos de mais de US$ 200 bilhões para o mercado de ações. A performance do real tem bastante conexão com isso", afirma Borsoi, ressaltando que, embora outras divisas emergentes tenham sofrido, o yuan apresentou um bom desempenho. Borsoi vê um cenário mais turbulento para o real daqui para frente, tanto por questões internas quanto externas. Lá fora, já ficou para trás a euforia com a expectativa de um início de ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve em março, após dados recentes mostrarem resiliência da economia americana. Do lado doméstico, o problema são as dúvidas em torno do compromisso do governo com a política fiscal, que se agravaram com o anúncio da nova política industrial ontem. Em entrevista ontem à noite no programa Roda Viva, da TV Cultura, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que há diálogo entre as lideranças no Congresso e a equipe econômica em torno da reoneração da folha de pagamentos e que há chance de o impasse ser resolvido na próxima semana. Além disso, Haddad revelou que uma eventual revisão da meta de déficit primário zero em 2024 não foi discutida com Lula, mas reconheceu que houve desidratação de parte dos projetos da equipe econômica para aumentar as receitas. "O grande risco ontem era o Haddad adotar um tom agressivo em relação ao Congresso, mas ele foi bastante político. Não é surpresa para ninguém que o governo não vai entregar déficit primário zero neste ano. A questão é se vai ser mais do que 0,5% do PIB, que é a aposta mais consensual", afirma Borsoi, acrescentando que no front fiscal as notícias recentes não são boas para o real. Estadão Conteúdo

Fonte: jornaldebrasilia.com.br

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