BSB 64: Muita história para contar

Carolina Freitas e Vitor Mendonçaredacao@grupojbr.

Por Vale do Piancó -PB em 15/04/2024 às 05:41:49
selo-brasilia-64-anos (1)

selo-brasilia-64-anos (1)

Carolina Freitas e Vitor Mendonça
[email protected]

Brasília, o sonho de Juscelino Kubitschek, completa 64 anos no próximo domingo, 21 de abril. A capital federal reúne uma beleza extraordinária, além de grandes histórias sobre a sua idealização e construção. Erguida em três anos e dez meses, a cidade chega à sua maturidade plena atraindo turistas e brasilienses para reviver o passado e vislumbrar o futuro pelo olhar de seus monumentos, como o Museu Vivo da Memória Candanga e do Memorial JK.

O Jornal de Brasília fez uma viagem no tempo dentro do antigo Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO), que atualmente abriga o Museu Vivo da Memória Candanga. Tendo sido tombado em 1985, o local retrata o início da capital federal e a identidade dos primeiros moradores da cidade.

As dependências do Museu reúnem histórias de diversas famílias que contribuíram para a construção de Brasília, além da beleza única do local, com o cenário de casas simples e coloridas que guardam as memórias dos candangos e do presidente JK.

Quem entra no lugar é contagiado pela nostalgia do tempo e pelas exposições permanentes: Poeira, Lona e Concreto e A importância da Mulher na construção da nova capital, além de outras atrações temporárias.

A família de Emília Nunes, 39 anos, foi ao museu pela primeira vez no último sábado (13). Ela, a filha Safyra Nunes, 15, e o esposo Wellington Nunes queriam fazer um passeio cultural na capital, mas o Museu Vivo da Memória Candanga não foi a primeira opção. O plano era visitar apenas o Catetinho, mas Wellington insistiu para ir ao local, que já queria visitar há algum tempo. E que grata surpresa foi para a família, segundo contaram.

Museu Vivo da Memória Candanga Foto: Carolina Freitas/ Jornal de Brasília

Apaixonados por História, os três ficaram encantados com a riqueza de detalhes de informações e de artefatos da época dos candangos, como eram chamados os construtores de Brasília.

Emília Nunes

"Eu descobri agora, vindo aqui, que o Núcleo Bandeirante era chamado de Cidade Livre – eu nasci aqui, mas é uma coisa que eu não sabia. A gente que nasce aqui acha que conhece tudo, mas não. Tem muita coisa ainda que não conhecemos e o acervo do Museu traz essa surpresa para a gente. […] Aqui dá valor a quem realmente a quem fez acontecer. Vir aqui dá essa visão de que quem mais importou foi o povo que veio trabalhar. Sem eles, o projeto não sairia do papel", disse.

Para a filha Safyra, "os candangos foram mais importantes para a efetivação da construção de Brasília do que Juscelino em si". Conforme destacou a estudante, se não fosse o trabalho das mãos dos viajantes, Brasília não teria surgido. "Ele [JK] é muito importante, mas sem os candangos nada seria possível. Então acho que eles foram a peça mais crucial para a construção da capital. O Catetinho traz mais uma questão administrativa do presidente. Lá é o papel e aqui [no Museu Vivo da Memória Candanga] é a prática", afirmou.

Safyra também ressalta que, além dos aspectos da importante mão de obra dos nordestinos que vieram para o interior do país, os candangos também trouxeram muita cultura para a nova capital, que reflete até hoje no dia a dia da população local, principalmente de Ceilândia, onde moram. "É a RA mais nordestina".

Complementando a filha, Emília destaca que reconhece parte da lembrança cultural dos pais, vindos do Norte e do Nordeste do Brasil, observando alguns itens expostos no museu. "Meu pai é do Pará e minha mãe é do Maranhão, mas eu vejo coisas aqui que a gente vivia lá quando viajava. Itens que eles trouxeram como quibano [um cesto raso de palha trançada], usada para catar arroz, panelas, cuscuzeiras que a gente via lá. E essa cultura alimentar eles também trouxeram", afirmou.

Segundo a gerente responsável pelo Museu Vivo da Memória Candanga, Eliane Falcão, o local recebe mensalmente cerca de 2,5 mil visitantes: "Nós somos um Museu que é vivo e funciona o tempo todo. Nós recebemos aqui a população de todo o Brasil e até do exterior, além das escolas do DF. Tem mês que recebemos uma média de 2,5 mil pessoas. Nós temos exposições permanentes e temporárias, mas sempre que o visitante vem aqui ele entra em uma imersão da história".

"O Museu é um patrimônio cultural do Brasil, não só do DF. O ideal é que as pessoas busquem visitar cada vez mais o museu e aprendam a valorizar mais a nossa história. Temos que ter mais amor por Brasília. Nós precisamos fazer com que as nossas crianças conheçam a nossa história, se a gente não preservar as nossas riquezas amanhã pode não ter mais. Então nós temos que ensinar as crianças a importância de um patrimônio histórico", completou Eliane.

Ao JBr, o subsecretário de Patrimônio da Secretaria de Cultura do DF, Felipe Ramón, destacou a importância do Museu para Brasília: "Trata-se de um espaço muito importante para a história do DF, pois o museu conta a história da gente simples, trabalhadora, que de fato construiu a cidade. Ou seja, não fala das grandes personalidades, que receberam reconhecimento já em sua época, mas do trabalhador anônimo que ergueu nos braços a maior área tombada do mundo".

"É muito importante para a Secretaria de Cultura que cada museu tenha uma vocação própria, conte sua própria história. E para deixar o local ainda mais atrativo planejamentos uma reformulação das exposições, além de termos iniciado a fase projetual das reformas que o espaço tanto necessita. Peço que neste aniversário, e sempre que puderem, os brasilienses visitem o museu para conhecerem e relembrarem a sua própria história", completou Ramón.

Fonte: jornaldebrasilia.com.br

Comunicar erro

Comentários

Anuncie Aqui